Apesar do cenário de recessão vivido pelo Brasil nos últimos dois anos ocasionado pela aceleração da inflação, taxa de juros alta, perda de credibilidade do governo, falta de investimentos internacionais e queda de 6,2% apresentada pelo varejo em 2016, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), especialistas apostam na retomada do crescimento econômico.
Conforme aponta Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil apresentava aproximadamente 12,1 milhões de desempregados ao final de 2016. O setor varejista, que é responsável por 12% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e contribui de forma expressiva na geração de emprego e renda no país, sente as consequências da queda no consumo e do aumento da inadimplência. Se considerarmos o ano de 2014 como o início da recessão, o país acumulou queda de 9%.
Retomada –Mesmo com o recuo de 3,6%, no PIB, divulgado pelo IBGE na última terça-feira (07/03), sendo o segundo ano seguido da queda do indicador já que em 2015 caiu 3,8%, os especialistas preveem uma retomada da conjuntura econômica.
O doutor em economia e secretário de Planejamento e Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Marcos Adolfo Ferrari, conversou, com exclusividade, com o Portal da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e citou alguns fatores que já dão sinais concretos desse crescimento. Um exemplo é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2017.
“Nós temos mais um resultado positivo do IPCA com 0,33% em fevereiro, abaixo da expectativa de mercado novamente. Já tivemos uma boa surpresa em janeiro com o IPAC em 0,38%. Nossa expectativa é de um crescimento anual de 2% no último trimestre de 2017 e o que vai contribuir para esse crescimento é o ambiente benigno da inflação.”, detalha o secretário.
Segundo Ferrari, esse resultado positivo do IPCA abre espaço para reduzir as taxas de juros e afrouxar a política monetária. O impacto no custo do crédito estimula o crescimento, além de ter o aumento da massa salarial real.
FGTS – Uma outra medida apontada como um impulso para o reaquecimento econômico é a liberação dos saques das contas inativas do FGTS. O valor disponível para saques em todo país é de R$43,6 bilhões, sendo que desse total R$12 bilhões são depositados automaticamente para os correntistas da Caixa Econômica Federal.
De acordo com as projeções do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, serão aproximadamente R$30 bilhões em recursos injetados na economia, o que equivale a 0,5% do PIB. No total, 30,2 milhões de trabalhadores poderão realizar os saques, sendo que 80% possuem até 1.500 reais nas contas.
Pesquisa realizada pela CNDL e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que entre os entrevistados que pretendem realizar os saques, o dinheiro sacado deve ser destinado principalmente ao pagamento de dívidas (38%, sobretudo entre as classes C, D e E, 44%), pagamento contas do dia a dia (34%) e para guardar ou investir (20%, especialmente entre as classes A e B, 31%).
O presidente da CNDL, Honório Pinheiro, destaca a expectativa do setor. “ A retomada é apontada pelos indicadores. Apesar da queda do PIB, apresentada essa semana, a expectativa é de estabilização nos próximos meses. Para reforçar essa estabilização a liberação do saldo das contas inativas do FGTS deve reduzir a inadimplência e gerar um potencial de consumo, retomando o consumo agregado no varejo”, ressalta.
Reformas Estruturantes
A reaquecimento da economia também está ligado às reformas estruturantes como a Previdenciária, Trabalhista e Tributária. De acordo com o Ministério do Planejamento, 90% das despesas das despesas públicas são despesas obrigatórias, sendo que só o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) é responsável por 45%. Se o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e outros benefícios previdenciários entrarem nessa conta, o número aumenta para 55%.
“A PEC da Previdência vai ajudar a manter as contas públicas equilibradas a médio e longo prazo. Acreditamos que com a reforma teremos um impacto positivo no consumo e para o pequeno lojista fazendo que ele consiga sentir os efeitos positivos da reforma”, apontou o economista.
Outro ponto importante para o setor varejista é a modernização das leis trabalhistas que gerará um impacto positivo no setor, uma vez que permite uma gestão mais eficiente dos recursos. “O trabalho intermitente tem potencial de gerar 2,5 milhões de empregos”, apontou Honório Pinheiro.
Fonte: CNDL.